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Genética e perda de cabelo: entenda a herança familiar na queda dos fios

A queda de cabelo masculina, conhecida como alopecia androgenética, é um quadro comum que afeta milhões de homens em todo o mundo. Estima-se que até 50% dos homens serão impactados por essa condição até os 50 anos. 

Tradicionalmente, acreditava-se que a herança da calvície vinha exclusivamente da linha materna. No entanto, pesquisas recentes revelam que a genética paterna também desempenha um papel significativo nesse processo.

Qual é a influência genética na calvície?

A alopecia androgenética, ou calvície genética, é a forma mais comum de perda de cabelo em homens, afetando cerca de 80% da população masculina aos 80 anos. 

Embora fatores hormonais e ambientais contribuam, a hereditariedade é responsável por 70% a 80% da predisposição de desenvolver calvície.

Entre as mulheres, cerca de 40% apresentam o quadro após a menopausa e há relatos de familiares calvos em 54% dos casos.

A manifestação da calvície varia em intensidade e idade, mesmo entre membros da mesma família, sugerindo a participação de múltiplos genes. Isso explica por que algumas pessoas desenvolvem calvície precoce, enquanto outras mantêm os cabelos por mais tempo, mesmo com parentes calvos.

Como os genes influenciam a calvície masculina?

O gene para receptor de andrógeno (AR), localizado no cromossomo X, é o mais estudado em relação à calvície genética. 

Como os homens herdam o cromossomo X da mãe, acreditava-se que a herança da calvície era exclusivamente materna. No entanto, essa teoria não explica casos em que filhos calvos têm apenas parentes paternos com o problema.

O gene AR codifica uma proteína que interage com hormônios masculinos, como a testosterona e a di-hidrotestosterona (DHT). Alterações nesse gene podem aumentar a sensibilidade dos folículos capilares a esses hormônios, acelerando a miniaturização dos fios — processo em que os fios ficam progressivamente mais finos até desaparecerem.

Genes adicionais e variantes raras

Além do gene AR, pesquisadores identificaram outros genes associados à calvície, como variações no cromossomo 20. Essas descobertas reforçam que a calvície é um traço poligênico, ou seja, influenciado por múltiplos genes, de forma que a linhagem paterna também influencie o quadro.

Outros fatores, como penetrância incompleta e expressividade variável, explicam por que algumas pessoas com predisposição genética não desenvolvem calvície, enquanto outras apresentam o quadro mesmo sem histórico familiar claro.

Quais são os primeiros sinais da alopecia androgenética?

A alopecia androgenética consiste em um quadro crônico e progressivo, o que significa que a intervenção precoce é indispensável para resultados mais satisfatórios com o tratamento.

Reconhecer os primeiros sinais da queda de cabelo genética é fundamental para buscar auxílio especializado. Em homens, os sintomas incluem:

  • entradas acentuadas com perda de cabelo nas regiões frontais e temporais;
  • couro cabeludo cada vez mais visível, principalmente com os cabelos molhados;
  • rarefação no topo da cabeça com afinamento progressivo na coroa;
  • fios mais finos e frágeis, pois os cabelos que caem voltam mais fracos.

Nas mulheres, a queda é difusa, com perda de volume e densidade capilar, muitas vezes perceptível ao pentear o cabelo repartido ao meio, pois há uma miniaturização mais acentuada na linha média.

Como funciona o diagnóstico genético?

Atualmente, estão disponíveis testes genéticos como o Hair DX que analisam alterações no gene AR, presentes em mais de 95% dos homens calvos.

Esse tipo de exame ajuda a prever o risco de calvície em pacientes jovens que ainda não manifestaram os sintomas clássicos, permitindo intervenções precoces. No entanto, como a condição envolve múltiplos genes, os resultados devem ser interpretados em conjunto com a avaliação clínica.

Quais são as estratégias de tratamento?

O tratamento para alopecia androgenética é influenciado diretamente pelo diagnóstico que informa também o grau de calvície. Atualmente, há duas abordagens prioritários:

  • Finasterida e Dutasterida: são medicamentos inibidores da enzima 5-alfa-redutase, reduzem os níveis de DHT e retardam a miniaturização do fio. O uso é contínuo para prevenção da calvície;
  • Minoxidil: medicação de uso tópico em loção que estimula o crescimento capilar ao aumentar o fluxo sanguíneo no couro cabeludo.

Ambos são aprovados pela agência reguladora ANVISA. A dutasterida não é aprovada pelo FDA para tratar a calvície nos Estados Unidos.

O uso de Finasterida e Dutasterida por mulheres também ainda não é aprovado por essas agências, especialmente naquelas em idade fértil, pois a medicação pode causar alterações no desenvolvimento fetal em caso de gravidez.

Além dessas abordagens consolidadas e cientificamente embasadas no tratamento da alopecia androgenética, outras terapias emergentes estão ganhando espaço, principalmente como adjuvantes no tratamento primário:

  • Laser de Baixa Potência (LLLT): estimula o crescimento capilar por meio de luz vermelha ou infravermelha;
  • Plasma Rico em Plaquetas (PRP): utiliza fatores de crescimento do sangue do paciente para regenerar folículos;
  • Microagulhamento: melhora a absorção de medicamentos e promove reparo tecidual.

Outras terapias em estudo incluem clascoterona, exossomos capilares e terapia com células-tronco, embora ainda necessitem de mais evidências científicas, aprovação das agências regulatórias e padronização antes de chegar ao público.

Quando buscar ajuda médica para calvície?

A calvície genética é progressiva, mas tratamentos precoces podem retardar ou até reverter parte da queda. Recomenda-se procurar um especialista ao notar aumento das entradas, menor densidade capilar e afinamento perceptível dos fios.

Um diagnóstico preciso combinando avaliação clínica e exames é essencial para definir a melhor abordagem terapêutica.

A genética desempenha um papel central no desenvolvimento da calvície, sendo que compreender a herança familiar e os mecanismos biológicos envolvidos permite intervenções mais eficazes.